segunda-feira, 20 de abril de 2015

O Coração!

Meu Coração Eu tenho um coração um século atrasado ainda vive a sonhar... ainda sonha, a sofrer... acredita que o mundo é um castelo encantado e, criança, vive a rir, batendo de prazer... Eu tenho um coração - um mísero coitado que um dia há de por fim, o mundo compreender... - é um poeta, um sonhador, um pobre esperançado que habita no meu peito e enche de sons meu ser... Quando tudo é matéria e é sombra - ele é uma luz ainda crê na ilusão, no amor, na fantasia sabe todos de cor os versos que compus... Deus pôs-me um coração com certeza enganado: - e é por isso talvez, que ainda faço poesia lembrando um sonhador do século passado J. G. de Araújo Jorge

As Flores que Te dou!

domingo, 12 de setembro de 2010

Além da terra, além do céu – Carlos Drummond de Andrade


Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

SONETO DO OLHAR


Que olhar de monja em longa penitência
O olhar daqueles olhos macerados!
Pairava-lhe talvez na morna essência
Uma alma carregada de pecados.

Para que mundos, para que existência,
Tão além desta vida, ei-los voltados!
Ó inacessível, mística dolência
De uns olhos a sonhar outros noivados...

Voz do passado, som que ressuscita!
Olhar tão cheio de palavras mortas
Daqui por certo que não pode ser...

Alma, para me ver, Alma bendita,
Põe-te de luto nessas duas portas
Com uma tristeza de quem vai morrer...

SONETO DAS MÃOS


Mãos de finada, aquelas mãos de neve,
De tons marfíneos, de ossatura rica,
Pairando no ar, num gesto brando e leve,
Que parece ordenar mas que suplica.

Erguem-se ao longe como se as eleve
Alguém que ante os altares sacrifica:
Mãos que consagram, mãos que partem breve,
Mas cuja sombra nos meus olhos fica...

Mãos de esperança para as almas loucas,
Brumosas mãos que vêm brancas, distantes,
Fechar ao mesmo tempo tantas bocas...

Sinto-as agora, ao luar, descendo juntas,
Grandes, magoadas, pálidas, tateantes,
Cerrando os olhos das visões defuntas...

domingo, 29 de agosto de 2010

ORIGEM DOS ECLIPSES


Vários povos têm mitos e lendas relacionados com os eclipses e os índios brasileiros não são diferentes. Recolhemos alguns mitos sobre os eclipses lunar e solar, contados pelos índios da família tupi-guarani, das regiões norte e sul do Brasil.

Eclipse Lunar:

No início do tempo e do espaço, antes de se fixarem no céu, o Sol e seu irmão mais novo, a Lua, habitavam a Terra, vivendo juntos diversas aventuras. Para os Guarani, tanto o Sol como a Lua são considerados do sexo masculino. Um dia, encontraram Charia, um espírito maléfico, pescando em um rio.

Com o objetivo de importunar Charia, que não tinha percebido os dois irmãos, o Sol mergulhou e mexeu o anzol, imitando um peixe grande. Charia puxou o anzol vazio, caindo para trás. O Sol repetiu o seu gesto por três vezes e em todas elas Charia caiu de costas. "Agora é a minha vez", disse a Lua sorrindo. Então, ela mergulhou e foi deslizando na direção do anzol. No entanto, Charia foi mais rápido: pescou a Lua e a matou com um bastão de madeira. Depois, ele a levou para casa, como se fosse um pescado, para comer com sua mulher.

Quando estavam cozinhando a Lua, o Sol chegou e foi convidado por Charia para comer o peixe. Ele agradeceu dizendo que aceitaria apenas de um pouco de caldo de milho e pediu que não jogassem fora os ossos do peixe pois gostaria de levá-los consigo. Depois, recolhendo os ossos, o Sol levou-os para longe e, utilizando a sua própria divindade, ressuscitou o seu irmão mais novo.

Assim, um eclipse lunar representa a Lua sendo devorada por Charia, sendo que a cor avermelhada é o próprio sangue da Lua que a oculta. A Lua só ressurge em toda a sua plenitude, como lua-cheia, porque o seu irmão mais velho, o Sol, a ressuscita e salva.


Eclipse Solar:

Quando queria comer peixe, o Sol levava seu filho para lavar os pés no rio. Dessa maneira, os peixes ficavam atordoados e fáceis de pegar.

Certo dia, enquanto o Sol e seu filho pescavam, Charia apareceu e pediu emprestado o menino, dizendo que ele também queria pegar alguns peixes. O Sol, sem nada desconfiar, emprestou seu filho. No entanto, Charia levou-o para a floresta e golpeou-lhe o corpo todo como se golpeia o cipó timbó, dando o exemplo do que se faria com o timbó que ficou sendo utilizado como veneno de pescar.

Devido aos golpes, Charia matou o filho do Sol, que ficou furioso, atacando o espírito maléfico. Os dois lutaram muito, derrubando um ao outro. Quando Charia pensava que havia vencido a batalha, o Sol levantou-se novamente afugentando Charia.

As conseqüências dessa luta são, até hoje, os eclipses solares, onde Charia é representado, em geral, por uma onça que tenta devorar o Sol.

A LIÇÃO DO FEITICEIRO


Um feiticeiro africano conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante. O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro, e continua a acompanhar seu mestre.

Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o feiticeiro dá meia volta e começa a viagem de volta.

- Você não me ensinou nada hoje - diz o aprendiz, levando mais um tombo.

- Ensinei sim, mas você parece que não aprende - respondeu o feiticeiro. - Estou tentando lhe ensinar como se lida com os erros da vida.

- E como lidar com eles?

- Como deveria lidar com seus tombos - responde o feiticeiro. - Em vez de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar descobrir o que te fez escorregar.