domingo, 29 de agosto de 2010

ORIGEM DOS ECLIPSES


Vários povos têm mitos e lendas relacionados com os eclipses e os índios brasileiros não são diferentes. Recolhemos alguns mitos sobre os eclipses lunar e solar, contados pelos índios da família tupi-guarani, das regiões norte e sul do Brasil.

Eclipse Lunar:

No início do tempo e do espaço, antes de se fixarem no céu, o Sol e seu irmão mais novo, a Lua, habitavam a Terra, vivendo juntos diversas aventuras. Para os Guarani, tanto o Sol como a Lua são considerados do sexo masculino. Um dia, encontraram Charia, um espírito maléfico, pescando em um rio.

Com o objetivo de importunar Charia, que não tinha percebido os dois irmãos, o Sol mergulhou e mexeu o anzol, imitando um peixe grande. Charia puxou o anzol vazio, caindo para trás. O Sol repetiu o seu gesto por três vezes e em todas elas Charia caiu de costas. "Agora é a minha vez", disse a Lua sorrindo. Então, ela mergulhou e foi deslizando na direção do anzol. No entanto, Charia foi mais rápido: pescou a Lua e a matou com um bastão de madeira. Depois, ele a levou para casa, como se fosse um pescado, para comer com sua mulher.

Quando estavam cozinhando a Lua, o Sol chegou e foi convidado por Charia para comer o peixe. Ele agradeceu dizendo que aceitaria apenas de um pouco de caldo de milho e pediu que não jogassem fora os ossos do peixe pois gostaria de levá-los consigo. Depois, recolhendo os ossos, o Sol levou-os para longe e, utilizando a sua própria divindade, ressuscitou o seu irmão mais novo.

Assim, um eclipse lunar representa a Lua sendo devorada por Charia, sendo que a cor avermelhada é o próprio sangue da Lua que a oculta. A Lua só ressurge em toda a sua plenitude, como lua-cheia, porque o seu irmão mais velho, o Sol, a ressuscita e salva.


Eclipse Solar:

Quando queria comer peixe, o Sol levava seu filho para lavar os pés no rio. Dessa maneira, os peixes ficavam atordoados e fáceis de pegar.

Certo dia, enquanto o Sol e seu filho pescavam, Charia apareceu e pediu emprestado o menino, dizendo que ele também queria pegar alguns peixes. O Sol, sem nada desconfiar, emprestou seu filho. No entanto, Charia levou-o para a floresta e golpeou-lhe o corpo todo como se golpeia o cipó timbó, dando o exemplo do que se faria com o timbó que ficou sendo utilizado como veneno de pescar.

Devido aos golpes, Charia matou o filho do Sol, que ficou furioso, atacando o espírito maléfico. Os dois lutaram muito, derrubando um ao outro. Quando Charia pensava que havia vencido a batalha, o Sol levantou-se novamente afugentando Charia.

As conseqüências dessa luta são, até hoje, os eclipses solares, onde Charia é representado, em geral, por uma onça que tenta devorar o Sol.

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