terça-feira, 10 de agosto de 2010

POESIAS-CECILIA MEIRELLES


NOITE
TAO PERTO

TAO LONGE

POR QUE É DESERTO?



AS VESES RESPONDE

DE PERTO DE LONGE

MAS DEPOIS SE ESCONDE.

SOMOS UM OU DOIS

AS VESES NENHUM,

E EM SEGUIDA TANTOS

A VIDA TRANSBORDA

POR TODOS OS CANTOS.

ACORDA COM MODOS

DE PURO ESPLENDOR

PROCURO MEU RUMO

HORIZONTE ESCURO

EM TREVAS ME SUMO

PARA QUE ME LEVAS?
FAMILIA
TEMOS UMA FAMILIA DESFEITA NA TERRA

Ó TERNO CORAÇOES, Ó FECHADO OLHOS ONDE CONSTUMAVAMOS HABITAR

MAS DESSA NAO TEMOS NOTICIAS;

E O NOSSO AMOR É UMA ROSA SOBRE MUROS DE SOMBRA.



TEMOS UMA FAMILIA MUITO DISTANTE,

EM APOSENTOS QUE NAO VEMOS, EM PAISES QUE JAMAIS VISITAMOS.

MAS O MAOR É UMA ROSA QUE MURCHA INCOMUNICAVEL.



TEMOS UMA FAMILIA PROXIMA, ALGUMAS VESES,

QUE SE MOVE E NOS FALA E NOS VE,

MAS ENTRE NOS PODE NAO HAVER NOTICIAS;

E O NOSSO AMOR É UM MURO SEM ROSAS.



TEMOS MUITAS FAMILIAS, HAVIDAS E SONHADAS.

SAO AS NUVENS DO CEU QUE LEVAMOS SOBRE A ALMA,

AS ESPUMAS DO MAR QUE VAMOS PISANDO.

NOS,POREM CONTINUAMOS VIAJANDO SOLITARIO;

E A ROSA QUE LEVAMOS NO CORAÇAO, COMOVIDA

TAMBEM SE DESFOLHA.



OU PODE SER QUE, AFINAL A ROSA SEJA UNANIME E ETERNA

EM SOBRE HUMANA FAMILIA.
HUMILDADE
TANTO QUE FAZER

LIVROS QUE NAO SE LEEM, CARTAS QUE NAO SE ESCREVEM,

LIGUAS QUE NAO SE APRENDEM,

AMOR QUE NAO SE DÁ

TUDO QUANTO SE ESQUEÇE



AMIGOS ENTRE ADEUSES,

CRIANÇAS CHORANDO NA TEMPESTADE,

CIDADOES ASSINANDO PAPEIS, PAPEIS, PAPEIS....

ATÉ O FIM DO MUNDO ASSINANDO PAPEIS.



E OS PASSAROS DETRAS DE GRADES DE CHUVA,

E OS MORTOS EM REDOMAS DE CANFORA



TANTO QUE FEZ

E FIZEMOS APENAS ISTO?

E NUNCA SOUBEMOS QUEM ERAMOS

NEM PRA QUE
MOTIVO
EU CANTO PORQUE O I INSTANTE EXISTE

E A MINHA VIDA ESTA COMPLETA.

NAO SOU ALEGRE NEM SOU TRISTE;

SOU POETA.



IRMAOS DAS COISAS FIGIDIAS,

NAO SINTO GOSO NEM TORMENTO.

ATRAVESSO NOITES E DIAS NO VENTO



SE DESMORONO OU SE EDIFICO,

SE PERMANEÇO OU ME DESFAÇO,

---NAO SEI SE FICO OU PASSO.



SEI QUE CANTO. E A CANÇAO É TUDO

TEM SANGUE ATERNO A ASA RITIMADA.

E UM DIA SEI QUE ESTAREI MUDO;

MAIS NADA.

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